Muitos dão ênfase ao problema da educação como sendo única e exclusivamente a falta de verba para a manutenção do ensino. Não é. O Governo Federal manda uma "enxurrada" de dinheiro para as escolas públicas. O problema é que até este dinheiro chegar nas mãos da escola, ele passa por inúmeras pessoas, que, de desvio em desvio, acaba chegando apenas algumas gotinhas na administração da escola. Então, verba para a educação tem, só falta o governo entregar na mão de quem vai aplicar. Enquanto isso não acontecer, a enxurrada vai continuar vindo, caindo de bueiro em bueiro e chegando algumas gotinhas na escola.
Outro equívoco que é comum em torno da educação no Brasil, é que a escola deve dar a EDUCAÇÃO para nossos filhos. Também não é verdade. A educação deve vir de casa. A escola fica com a obrigação de transmitir o CONHECIMENTO ELABORADO. Imagine assim: o aluno é uma pedra bruta, sem tratamento algum. A escola é uma fábrica de jóias. O processo de aprendizado é a "esteira de produção" que vai tratar esta pedra, dar o formato ideal e o polimento. Quando o aluno terminar os estudos (ensino fundamental e básico) deve sair como uma jóia pronta, acabada. Mas, atualmente estão saindo praticamente iguais como entraram. Terminam o terceiro colegial como uma maioria de analfabetos funcionais, não sendo capazes de interpretar frases simples. Imagine, então, uma massa de desinteressados, mal formados, procurando emprego num país como o nosso. Do outro lado da mesma moeda temos os professores. É incrível, quase inacreditável, mas professor GOSTA de ser professor. A oportunidade de transmitir conhecimento elaborado, poder passar aos alunos características que serão levadas pela vida toda como cidadania e respeito, tudo isso, quando bem aplicado, é uma recompensa para qualquer professor. É verdade que muitos já estão desinteressados com a profissão, e, como costumo dizer, "morreram". No nosso país, onde os pais não dão a educação necessária ao filho, este aluno vai à escola como obrigação, briga com os colegas de classe e com os professores, e estes, coitados, ficam com as mãos amarradas, não podendo nem sequer erguer o tom da voz contra um aluno baderneiro. Agora, um aluno pode passar o ano todo atrapalhando a aula, e, consequentemente, o andamento do aprendizado da turma, brigando todos os dias com o professor, fazendo inclusive ameaças, e o professor com todos seus problemas ainda é capaz de manter a calma; até o ponto onde a calma vai embora e ele explode e grita com o aluno. Aí, o papel do aluno agressor, baderneiro e mau elemento da turma se torna a vítima. E lá vai o pai brigar na escola: que o professor não presta, que ele é agressivo, que não tem paciência, que não dá educação, que não consegue impor ordem numa sala de aula. Isso em parte é culpa do Collor (proibindo o professor de colocar a mão no aluno) e do Covas ("proibindo reprovar o aluno no ensino público", dando impressão que não temos analfabetos no Brasil).
Quem não se lembra da Cartilha Caminho Suave? Eu mesmo passei por esta época (década de 80). Aprendi a ler e a escrever com ela. Fui corrigido nas provas com caneta vermelha do professor. Levei palmadas na bunda, dadas como corretivo por uma professora porque cheguei atrasado na sala de aula. Se contasse para o meu pai que apanhei da professora aí sim eu estaria perdido. Apanharia mais ainda em casa, porque, se a professora (respeitada como autoridade máxima na sala de aula) me bateu eu tive motivo para apanhar. Hoje em dia, os alunos podem "derrubar" a sala de aula, podem agredir o professor. Mas se este último "olhar torto" para o aluno, pode até ir preso!
Sem estímulo vindo de casa, sem perspectiva de vida, tomando os alunos baderneiros como exemplo, o que esperar das próximas gerações? Não sei. E voltamos novamente na questão social do Brasil: a desigualdade. Mais uma vez, culpa do Governo.
Incentivando os pais a tratarem seus filhos com educação, servindo como exemplo, e, entregando o dinheiro para a escola ao inves de passar nas mãos de tantos, seriam os primeiros passos para melhorar a educação do Brasil. Acredito que falta interesse da elite dominante do nosso país em melhorar as coisas por aqui. Aí, muitos vão dizer: "Ah, mas esse cara (eu) só vê o lado ruim do Brasil?". Não. Apenas tento mostrar o lado estragado dessa nossa laranjona que é o Brasil, para que, pelo menos assim, alguém coloque a mão na consciência e tome alguma providência.
Abraço a todos
Wil - jauradical
(dados da foto: Olympus D595; 6mm; f/4; 1/2000; ISO 200)